quinta-feira, 15 de abril de 2010

INFORMA AÇÃO?

Todo dia ligo a TV e vejo as mesmas notícias: deslizamentos e desbarrancamentos por todos os lados, por todos os lugares e regiões do nosso país. O episódio ocorrido em Florianópolis em 2008 já era uma prenúncio do que poderia ocorrer em diversos locais: casas construídas em morros, cortes de terra criminosos, falta de fiscalização, desmatamentos das encostas, loteamento irregular de áreas de preservação, legalização de áreas assentadas que não poderiam suportar construções, falta de leis específicas, impermeabilização de solo entre outra inúmeras situações que podem ser relacionadas.

E o pior é que todo dia aparece um ESPECIALISTA nestes noticiários para dar uma SOLUÇÃO para o caos instalado, todo dia aparecem reportagens sensacionalistas com pessoas gritando e chorando porque a casa foi engolida pelo morro, imagens de vítimas retiradas da lama, imagens do poder público se justificando, de técnicos com suas práticas em teorias, de acadêmicos com suas teses pouco didáticas para a população, cada qual puxando a sardinha para seu lado.

Da forma como são colocadas as informações por esses vários especialistas, o que fica evidente para mim é que a desordem (ou idéia de caos) é o pano de fundo dos meios de comunicação para não se discutir o real valor das "causas" desse tipo de ocupação em áreas de risco, e não as "consequências" - independente de classe ou renda (tem casa de bacana pendurada no morro também). O que não se fala na TV é o quanto essa "não discussão" precariza ainda mais as condições de viabilizar condições mínimas nas grandes cidades.

Os acadêmicos tem a teoria, os técnicos tem a prática, o poder público tem o orçamento específico destinado e o dever de fiscalizar, a população tem informação suficiente para saber sobre os riscos em que coloca sua vida, os órgãos de comunicação tem como alertar sobre como prevenir essas situações... ou seja, nessa história ninguém é santo ou demônio. Quando que cada um vai assumir seu papel? Assumir sua parcela de responsabilidade para que ninguém mais tenha que pagar com a vida, agir preventivamente para que tragédias (previsíveis, diga-se de passagens) como estas não ocorram mais, agir para que nossos morros e matas não sofram ainda mais desmatamento e desrespeito?

O que deveria (e DEVE) ocorrer é trabalho o coletivo dessas várias frentes. Trabalhar JUNTOS para que não precisem chegar SEPARADOS em entrevistas e reportagens para cada um dar a sua versão do que "poderia ter sido" e não foi!