quarta-feira, 26 de outubro de 2011

VERTENTES CONTEMPORANEAS EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Em minha jornada acadêmica na pós-graduação em Educação Ambiental, tive a oportunidade de ler dezenas de livros sobre educação ambiental e encontrar tantas teorias, conceitos e classificações para o tema que me deparei, em meio à pesquisa, confusa e curiosa frente à diversidade de definições.

Comecei a fazer o exercício de relacionar as vertentes contemporâneas mais utilizadas em Educação Ambiental e percebi que quase todos os autores falavam as mesmas coisas, só que de formas distinta e com palavras diferentes.

Quando terminei essa pesquisa, separei as definições por afinidade (seja no objetivo, ideia, proposta, ideologia, pensamento) e montei uma tabela onde dividi as vertentes, basicamente, em três tipos “simples”, que são as mais praticadas atualmente: a CONSERVACIONISTA, a COMPORTAMENTAL e a SOCIOAMBIENTAL.

Organizei uma lista imensa com as características de cada vertente, mas separo aqui alguns exemplos para ilustrar (lembrando que se trata de um trabalho autoral, que não deve ser reproduzido ou citado em outros trabalhos sem as devidas fontes*):

A PROPOSTA CONSERVACIONISTA

SOBRE SERES HUMANOS - Considera o ser humano responsável pela destruição da natureza.
NO ÂMBITO EDUCATIVO - Tem visão ecologizada de meio ambiente cujos ensinamentos prevêem visitas a parques e florestas e foco na preservação e conservação.
SOCIEDADE E CULTURA - Não considera, especificamente, a sociedade e a cultura relacionada ao meio ambiente trabalhado como prioridade.
CORRENTE DE PENSAMENTO - Propõe a conservação e preservação da natureza independente do contexto social e político, com preocupações voltadas para os ambientes naturais e preservação de um ecossistema específico.
PRIORIZA - O contato com a natureza e a compreensão dos seus processos, que produz um sentimento de amor e respeito em relação ao mundo natural.

A PROPOSTA COMPORTAMENTAL

SOBRE SERES HUMANOS - Considera o ser humano como sujeito observador, cabendo-lhes o papel de “resistir”, de “reagir”, ou ainda de serem “protegidos”.
NO ÂMBITO EDUCATIVO - Baseia-se em vivências práticas junto ao ambiente natural com finalidade na mudança de comportamento a partir dessas visitas.
SOCIEDADE E CULTURA - Baixa problematização da realidade e pouca ênfase em processos históricos-culturais nas atividades ambientais.
CORRENTE DE PENSAMENTO - Propõe promover mudanças nos indivíduos, com ações voltadas para a aquisição de novos comportamentos perante a natureza.
PRIORIZA - A aprendizagem como mudança de comportamento, uma tendência comportamental resultante de uma prática repetida ou reforçada, voltada para a ecologia.

A PROPOSTA SOCIOAMBIENTAL

SOBRE SERES HUMANOS - Considera o ser humano como parte integral da natureza transformada ou natural.
NO ÂMBITO EDUCATIVO - Estimula o despertar do sujeito crítico ecológico, o processo reflexivo e crítico sobre o ambiente vivido e a cultura local.
SOCIEDADE E CULTURA - Estimula participação e responsabilidade do ser humano como sujeito na sociedade, na cultura e na história tanto quanto nas questões ambientais.
CORRENTE DE PENSAMENTO - Propõe a construção da consciência ambiental e suas interações com os eixos sociocultural, político e econômico.
PRIORIZA - O desenvolvimento da reflexão para compreensão e transformação da realidade vivida ao evidenciar as causas da problemática ambiental e não apenas se deter em suas consequências.



*Kovacic, Hegli Serpa. Trabalho de conclusão de curso: Uso racional de água em escolas municipais. Senac Curitiba. 2008

10 comentários:

Silvia disse...

Eu vou com a vertente socioambiental! :-)

Hegli disse...

Eu tb Silvia.
No começo eu achava que era tão "óbvio" a socioambiental ser a "favorita"... Mas fui descobrindo que todas elas tem seus públicos cativos, com suas convicções do porquê escolher esta ou aquela vertente.
Eu ia até relacionar o público alvo de cada vertente (que acabei incluindo num cantinho da minha pesquisa), mas ia dar muita polêmica, rs.
Obrigada pela sua participação!
Bjus
Hegli

Cristiane Iannacconi disse...

Que interessante a sua pesquisa!
eu tb vou de socioambiental, meninas, rs...

sandro disse...

Hegli li seu comentário e me parece que chegamos a uma conclusão bem parecida,se caso na vertente sócio-ambiental,você percebeu um forte traço político ideológico,então,estamos trilhando um mesmo caminho,se não for abuso e se quizer compartilhar sua pesquisa ,mande para mim,no email sandro.pj@ig.com.br.Valeu.

kelly Milena disse...

Hegli sua publicação me fez clarear vários pontos. Gostaria de saber melhor sobre as classificações das vertentes e seus autores. Assim teria mais clareza para classificar minha pesquisa. ( kellymilenapc@hotmail.com).

Hegli disse...

Sandro, nos falamos pessoalmente ok colega!?
Abraço
Hegli :)

Hegli disse...

Oi Kelly,
Que bom que a publicação lhe ajudou.
Sobre as classificações,eu fui pesquisando durante o projeto que desenvolvi (que foi tema do trabalho de conclusão) e durante a pós, nos diversos livros que li. Fui preenchendo uma tabela com as minhas percepções ao longo desse período e a orientadora achou por bem acrescentar a lista reduzida ao trabalho final. Como disse no texto essa listinha é um trabalho autoral. Não tenho as classificações das vertentes e seus autores, e digo mais, deve haver muita coisa a acrescentar na minha tabela de 2008 para cá (2015), mesmo porque várias publicações foram reeditadas e atualizadas.
Como poderia lhe ajudar?
Abraços
Hegli

Anônimo disse...

Entendendo as pesquisas de opinião pública

Existem temas que permeiam o nosso dia-a-dia (por exemplo, Aquecimento Global, Efeito Estufa, Mudanças Climáticas), mas que, para muitos de nós, são identificados como termos ouvidos na mídia (repetidos sistematicamente), mas que, realmente, não sabemos (em essência) o que eles se referem.
Ou seja, temos na lembrança os termos ouvidos, mas não sabemos o que exatamente estes se referem e quanto ao reflexo na vida de cada um de nós. Digamos que somos alimentados pelos nossos ouvidos, mas não temos a real noção do que estes temas realmente são.
Um bom momento para analisar resultados de uma pesquisa realizada em âmbito nacional, nos atendo não apenas aos resultados, mas procurando ir além dessa análise.
Um dos questionamentos era sobre se o entrevistado estava preocupado com o Aquecimento Global. Na pesquisa realizada em 2010 o resultado foi de 80%, evoluindo para 94% em 2011.
Outra pergunta era sobre a gravidade das Mudanças climáticas. Em 2012 os entrevistados indicaram (65%) que o problema deveria ser considerado como muito grave.
Outro questionamento procura saber a opinião da participação do homem em relação ao Aquecimento Global. Em 2010 os entrevistados confirmaram o efeito do home em 78%, sem mudança significativa em relação a 2011, quando o valor foi de 79%.
Analisados estes números – plenamente respaldados por uma pesquisa séria – cabe analisar que tipo de entrevistado atendeu aos pesquisadores que foram às ruas obter as informações. Seriam do tipo “sei o que é e posso explicar o que o assunto se refere” ou do tipo “sei o que é dado que escuto diariamente falar sobre eles”.
No primeiro grupo estão aqueles que conhecem o assunto e, portanto, tem condições de assumir posições no que diz respeito ao debate decorrente da procura de soluções que possam minimizar os efeitos do Aquecimento Global. No segundo grupo os que não têm condição de participar dessa discussão, pois, a priori, não sabem do que se está discutindo.
Um bom momento para perguntar: em que categoria você está inserido? Estamos tratando de um assunto que efetivamente está relacionado à saúde e a qualidade de vida das futuras gerações.
Nesta linha de raciocínio, em 2010, realizada no âmbito da Grande Vitória, foi desenvolvida uma pesquisa que procurou separa estes dois grupos explicitados acima. De início o entrevistado explicitava se tinha ou não preocupação com o Aquecimento Global. Em seguida, era entrevistado por outro pesquisador que pedia que o entrevistado explicasse, com as suas palavras, o que ele entendia por Aquecimento Global.
Para simplificar a explicação tal comparação demonstrou que pouco mais da metade dos entrevistados conseguiu explicar aquilo que, na pergunta anterior, havia explicitado ter preocupação com o mesmo.
Ou seja, será possível que o grupo que não conseguiu, com suas próprias palavras, explicar o que consistia o termo Mudanças Climáticas, esteja realmente preocupado com o assunto e, sobretudo, está preparado para uma discussão que a sociedade já deveria estar envolvida há algum tempo?
Tenho minhas dúvidas se a maioria da sociedade sabe a diferença entre Aquecimento Global (origem do problema), Efeito Estufa (processo que explica o fato) e Mudanças Climáticas (efeitos que são percebidos da ocorrência do problema).
Não quero que este artigo desponte como uma visão pessimista para o fato em discussão, mas, sobretudo, que ele seja um alerta indicativo para os gestores públicos (federal, estaduais e municipais) que precisam dar condições a sociedade para que possam entender e participar das discussões em andamento.
Esta operação de conscientização / sensibilização deve passar pelos nossos educadores (em todos os níveis de ensino), especialistas em proposição de políticas públicas, órgão gestores da política ambiental e, também, das pessoas que são formadoras de opinião na sociedade.


Roosevelt S. Fernandes
Membro do CONSEMA e do CERH
roosevelt@ebrnet.com.br



Valery disse...

Que bom que achei este blog. De fato existem diversas classificações e ficou difícil pra mim. Parabéns! Você já publicou seu artigo?

Hegli disse...

Oi Valery, desculpe a demora em responder.
Tive um bebe no final de 2015 e vida virou do avesso kkkkk.
Não publiquei ainda, preciso resgatar esta ideia e ter tempo entre uma fralda e outra para revisar todo o trabalho.
Abraços!
Hegli