quarta-feira, 26 de outubro de 2011

VERTENTES CONTEMPORANEAS EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Em minha jornada acadêmica na pós-graduação em Educação Ambiental, tive a oportunidade de ler dezenas de livros sobre educação ambiental e encontrar tantas teorias, conceitos e classificações para o tema que me deparei, em meio à pesquisa, confusa e curiosa frente à diversidade de definições.

Comecei a fazer o exercício de relacionar as vertentes contemporâneas mais utilizadas em Educação Ambiental e percebi que quase todos os autores falavam as mesmas coisas, só que de formas distinta e com palavras diferentes.

Quando terminei essa pesquisa, separei as definições por afinidade (seja no objetivo, ideia, proposta, ideologia, pensamento) e montei uma tabela onde dividi as vertentes, basicamente, em três tipos “simples”, que são as mais praticadas atualmente: a CONSERVACIONISTA, a COMPORTAMENTAL e a SOCIOAMBIENTAL.

Organizei uma lista imensa com as características de cada vertente, mas separo aqui alguns exemplos para ilustrar (lembrando que se trata de um trabalho autoral, que não deve ser reproduzido ou citado em outros trabalhos sem as devidas fontes*):

A PROPOSTA CONSERVACIONISTA

SOBRE SERES HUMANOS - Considera o ser humano responsável pela destruição da natureza.
NO ÂMBITO EDUCATIVO - Tem visão ecologizada de meio ambiente cujos ensinamentos prevêem visitas a parques e florestas e foco na preservação e conservação.
SOCIEDADE E CULTURA - Não considera, especificamente, a sociedade e a cultura relacionada ao meio ambiente trabalhado como prioridade.
CORRENTE DE PENSAMENTO - Propõe a conservação e preservação da natureza independente do contexto social e político, com preocupações voltadas para os ambientes naturais e preservação de um ecossistema específico.
PRIORIZA - O contato com a natureza e a compreensão dos seus processos, que produz um sentimento de amor e respeito em relação ao mundo natural.

A PROPOSTA COMPORTAMENTAL

SOBRE SERES HUMANOS - Considera o ser humano como sujeito observador, cabendo-lhes o papel de “resistir”, de “reagir”, ou ainda de serem “protegidos”.
NO ÂMBITO EDUCATIVO - Baseia-se em vivências práticas junto ao ambiente natural com finalidade na mudança de comportamento a partir dessas visitas.
SOCIEDADE E CULTURA - Baixa problematização da realidade e pouca ênfase em processos históricos-culturais nas atividades ambientais.
CORRENTE DE PENSAMENTO - Propõe promover mudanças nos indivíduos, com ações voltadas para a aquisição de novos comportamentos perante a natureza.
PRIORIZA - A aprendizagem como mudança de comportamento, uma tendência comportamental resultante de uma prática repetida ou reforçada, voltada para a ecologia.

A PROPOSTA SOCIOAMBIENTAL

SOBRE SERES HUMANOS - Considera o ser humano como parte integral da natureza transformada ou natural.
NO ÂMBITO EDUCATIVO - Estimula o despertar do sujeito crítico ecológico, o processo reflexivo e crítico sobre o ambiente vivido e a cultura local.
SOCIEDADE E CULTURA - Estimula participação e responsabilidade do ser humano como sujeito na sociedade, na cultura e na história tanto quanto nas questões ambientais.
CORRENTE DE PENSAMENTO - Propõe a construção da consciência ambiental e suas interações com os eixos sociocultural, político e econômico.
PRIORIZA - O desenvolvimento da reflexão para compreensão e transformação da realidade vivida ao evidenciar as causas da problemática ambiental e não apenas se deter em suas consequências.



*Kovacic, Hegli Serpa. Trabalho de conclusão de curso: Uso racional de água em escolas municipais. Senac Curitiba. 2008

terça-feira, 11 de outubro de 2011

DIA DA CRIANÇA SEM BRINQUEDO

Meu pequeno com um brinquedo de um real e feliz da vida!

Chegou o “Dia das crianças” e com ele a loucura da corrida as lojas de brinquedo, com suas guerras de preços e prazos...

Neste último mês eu acompanhei entre 11h e meio dia o programa CADA COISA EM SEU LUGAR no Discovery Home & Health. O objetivo nesse programa é fazer as pessoas se desapegarem e desentulharem as coisas dos cômodos da casa da seguinte forma: triar o que é para jogar fora, o que dá para doar e que sobra para vender e arrecadar dinheiro para comprar móveis adequados para manter a organização e fazer melhorias nos ambientes.

Foi um importante exercício de observação onde pude constatar que as pessoas que mais tinham dificuldades em se desfazer de “tralhas” e objetos sem função, e que ficavam emocionalmente abaladas e culpadas por vender ou doar algumas coisas eram aquelas cujas mães, pais e avós incentivavam o apego material desde a infância.

Alguns tinham móveis ou roupas já desgastadas, coisas sem uitilidade, mas que não queriam se desfazer porque a mãe ia ficar triste, ou a avó ia se chatear, ou um amigo se ofender. Outros episódios tinham coleções de tranqueiras que essas pessoas iam ganhando de presente e não conseguiam pensar em ficar sem, mesmo com todas elas enfiadas em caixas de papelão. Eram coleções de unicórnios, bonecas, figurinhas, bonés e coisas que nem a imaginação mais fértil pode conseguir imaginar, como uma coleção de palmatórias.

O que eu quero dizer é que muitas vezes incentivamos e ensinamos as crianças a terem e acumularem coisas que elas nem querem ter, mas como somos as pessoas que elas confiam, acabam por achar que aquilo fará bem a elas e nos magoarão se quiserem se desfazer delas.

Posso dar um exemplo em casa, com meu filho mesmo.  Certa vez ele comprou meia dúzia se pacotes de figurinhas com umas moedinhas que ganhou e mostrou para a avó dizendo que ia colecionar com os dinheirinhos que ganhava. Em um mês, minha casa foi invadida por milhares de figurinhas. Acho que ela comprou umas duas mil figurinhas nesse período. Eu juntei tudo numa caixa de sapato e mandei para a casa dela dizendo que a coleção que ela estava ajudando a montar deveria ficar lá. Ela parou de comprar... mas só as figurinhas.

Um tempo depois estávamos em uma festa em algum amigo e ele achou algumas tampinhas de garrafa, mostrou para avó e a tia e alguns meses depois a carga de tampinhas era tanta a cada visita da vovó que eu não tinha mais onde guardar. A mesma coisa aconteceu com pedrinhas, Lego, Go-gos etc. 

O pior é que ele ainda se sente culpado e receoso das pessoas ficarem chateadas se ele se desfizer das “coleções”. É aí que nasce um “juntador” de tralha de “valor sentimental”. O que quero dizer no final das contas é que esse consumismo, esse materialismo, a mania de acumular podem vir da infância, pode ficar mais séria na adolescência e se agravar na vida adulta.

Então, pais, mães, avós, avôs, tias, tios, padrinhos e madrinhas, vamos ensinar a nossas crianças a doar o que não está mais servindo para brincar, a não se apegar a coleções, a manter o mínimo que possa ser útil na brincadeira do dia a dia. Nada de guardar a boneca que a tia avó deu, por consideração, mas que ninguém brinca. A consideração tem que estar no coração e não em uma peça.

No dia das crianças (que na minha opinião é todo dia), vamos dar de presente nosso tempo e atenção sincera, ouvir olhando nos olhos, levar ao cinema, ao teatro, ao parquinho, bater papo, gastar um tempo jogando um jogo de tabuleiro, exercitar a mente e o corpo e o afeto. Feche a carteira e a abra os braços.

Por um dia das crianças sem consumismo, sem brinquedos e com muito amor! 

http://educacaoambientalcontemporanea.blogspot.com/2010/09/o-dia-da-crianca-e-o-consumismo.htm

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

BOA REFLEXÃO

Retirei este texto de um email que recebi ontem. Ainda não descobri a autoria, mas estou pesquisando para encontrar e colocar os devidos créditos autorais. Achei muito interessante para uma reflexão sobre nosso atual estilo de vida, não só pelo fator "consumo", mas pelo fator "facilidades" que não queremos abrir mão em favor da sustentabilidade. Muito bom para uma reflexão do quanto realmente estamos engajados com esse tal de desenvolvimento sustentável. Boa leitura e boa reflexão!

DESABAFO

Na fila do supermercado, o caixa diz uma senhora idosa:
- A senhora deveria trazer suas próprias sacolas para as compras, uma vez que sacos de plástico não são amigáveis ao meio ambiente.
A senhora pediu desculpas e disse:
- Não havia essa onda verde no meu tempo.
O empregado respondeu:
- Esse é exatamente o nosso problema hoje, minha senhora. Sua geração não se preocupou o suficiente com  nosso meio ambiente.
- Você está certo - responde a velha senhora - nossa geração não se preocupou adequadamente com o meio ambiente. Naquela época, as garrafas de leite, garrafas de refrigerante e cerveja eram devolvidos à loja. A loja mandava de volta para a fábrica, onde eram lavadas e esterilizadas antes de cada reuso, e eles, os fabricantes de bebidas, usavam as garrafas, umas tantas outras vezes.
Realmente não nos preocupamos com o meio ambiente no nosso tempo. Subíamos as escadas, porque não havia escadas rolantes nas lojas e nos escritórios. Caminhamos até o comércio, ao invés de usar o nosso carro de 300 cavalos de potência a cada vez que precisamos ir a dois quarteirões.
Mas você está certo. Nós não nos preocupávamos com o meio ambiente. Até então, as fraldas de bebês eram lavadas, porque não havia fraldas descartáveis. Roupas secas: a secagem era feita por nós mesmos, não nestas máquinas bamboleantes de 220 volts. A energia solar e eólica é que realmente secavam nossas roupas. Os meninos pequenos usavam as roupas que tinham sido de seus irmãos mais velhos, e não roupas sempre novas.
Mas é verdade: não havia preocupação com o meio ambiente, naqueles dias. Naquela época só tínhamos somente uma TV ou rádio em casa, e não uma TV em cada quarto. E a TV tinha uma tela do tamanho de um lenço, não um telão do tamanho de um estádio; que depois será descartado como?
Na cozinha, tínhamos que bater tudo com as mãos porque não havia máquinas elétricas, que fazem tudo por nós. Quando embalávamos algo um pouco frágil para o correio, usamos jornal amassado para protegê-lo, não plastico bolha ou pellets de plástico que duram cinco séculos para começar a degradar. Naqueles tempos não se usava um motor a gasolina apenas para cortar a grama, era utilizado um cortador de grama que exigia músculos. O exercício era extraordinário, e não precisava ir a uma academia e usar esteiras que também funcionam a eletricidade.
Mas você tem razão: não havia naquela época preocupação com o meio ambiente. Bebíamos diretamente da fonte, quando estávamos com sede, em vez de usar copos plásticos e garrafas pet que agora lotam os oceanos. Canetas: recarregávamos com tinta umas tantas vezes ao invés de comprar uma outra. Abandonamos as navalhas, ao invés de jogar fora todos os aparelhos 'descartáveis' e poluentes só porque a lámina ficou sem corte.
Na verdade, tivemos uma onda verde naquela época. Naqueles dias, as pessoas tomavam o bonde ou ônibus e os meninos iam em suas bicicletas ou a pé para a escola, ao invés de usar a mãe como um serviço de táxi 24 horas Tínhamos só  uma tomada em cada quarto, e não um quadro de tomadas em cada parede para alimentar uma dúzia de aparelhos. E nós não precisávamos de um GPS para receber sinais de satélites a milhas de distância no espaço, só para encontrar a pizzaria mais próxima.
Então, não é risível que a atual geração fale tanto em meio ambiente, mas não quer abrir mão de nada e não pensa em viver um pouco como na minha época?

* Vamos refletir e conversar sobre isto? Deixe suas opiniões e impressões, comente o post.
* Participe da enquete do blog com um clique. Obrigada ;)

terça-feira, 2 de agosto de 2011

POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS COMPLETA SEU 1º ANO

Esse post foi uma contribuição de um grande amigo, escrito por Carlos Henrique A. Oliveira.
A Lei Federal nº 12.305/2010 instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) - marco regulatório deste setor do saneamento básico, trazendo esperanças para um novo momento no país. Hoje, completa um ano de existência/vigência, com avanços e perspectivas positivas, como demonstrado a seguir. Mas ainda há muito a fazer, a construir, a trabalhar para que seus princípios e objetivos sejam alcançados.

Como pontos positivos, cabe destacar a celeridade de sua regulamentação pelo Decreto nº 7.404/2010 - sancionado em pouco mais de 5 meses após a aprovação da Lei; a instalação dos Comitês Interministerial e Orientador e de seus respectivos Grupos de Trabalho no primeiro semestre deste ano; o início dos trabalhos para a elaboração do Plano Nacional de Resíduos Sólidos (que trará diretrizes e metas - quantitativas e temporais - para alcançar os objetivos definidos pel a Lei); o Programa Pró -Catador (instituído no mesmo dia da sanção do Decreto Regulamentador da Lei); a (re)estruturação de diversos mecanismos de apoio ao investimento e de disponibilização de recursos financeiros para apoiar a gestão sustentável de resíduos sólidos (como as fontes de recursos pelo Orçamento da União - pelos Ministérios do Meio Ambiente, das Cidades, do Desenvolvimento Social, a Integração Nacional -, pelo BNDES, pela Caixa Federal, pelo Banco do Brasil, pela FUNASA, dentre outros); a estruturação e lançamento de campanha nacional pela coleta seletiva, orientativa para os cidadãos; os convênios firmados com a maioria dos estados brasileiros para a elaboração de estudos de regionalização e diagnóstico da situação da gestão e manejo dos resíduos sólidos; o apoio à estruturação e ao fortalecimento dos Consórcios Públicos entre os municípios para a gestão de resíduos (com apoio aos menores, reduzindo suas fragilidades e melhorando sua capacid ade de gestão); a realização de estudos de custos de implantação e operação de diversas instalações de apoio à gestão de resíduos (por tipo, por porte e por região do país) - cujo resultado deverá ser disponibilizado pelo MMA em breve; dentre outros avanços.

Mas nem tudo são flores neste campo. Os desafios continuam a fazer parte da realidade cotidiana de todos os brasileiros, com a existência de lixões e de catadores em situação de miséria, o descarte irregular de resíduos pelas cidades (em córregos e terrenos vazios), os resíduos espalhados pelas ruas, a fragilidade estrutural e gesrencial da maioria dos gestores públicos, a complexidade para a implantação da Logística Reversa (e o risco de tornar-se uma "Logística Perversa"), os conflitos de interesse na implantação de diversos mecanismos definidos pela Política Nacional, a inexistência de Planos de Gestão de Resíduos Sólidos nos municípios (que dev erão conter as diretrize s para a elaboração dos Planos de gerenciamento de Resíduos pelo setor privado e grandes geradores), dentre outros aspectos.

E tudo isso só será possível de ser ultrapassado com a intensa e contínua participação de todos no processo de implantação dos dispositivos previstos na legislação, com a defesa dos interesses coletivos. Está previsto o lançamento, em Dezembro, da Consulta Pública do Plano Nacional de Resíduos Sólidos, que trará as metas a serem alcançadas num horizonte de 20 anos. Metas ambiciosas, relativas aos objetivos estabelecidos pela Lei Federal - não-geração, redução da geração, reaproveitamento e reciclagem de resíduos -, mas factíveis se considerarmos a capacidade de resposta da população brasileira e de todos os segmentos envolvidos.

Por tudo isso, acredito que é hora de comemorar este 1 ano de vida da PNRS, considerando todo seu conteúdo, bem como os desafios e oportunidades trazidos por ela.

Carlos Henrique A. Oliveira - Arquiteto Urbanista - Consultor - SRHU/MMA

quarta-feira, 20 de julho de 2011

CONAR REGULAMENTA A PUBLICIDADE PARA EVITAR A ECOENGANAÇÃO MONOCROMÁTICA

Hoje em dia tudo é verde. Toda propaganda e folheto tem uma mãozinha segurando uma planta, com um fundo verde, ou capa verde, ou margem verde. É empresa verde, município verde, marketing verde, escola verde... levando a crer que tudo o que (ou quem) se diz verde é ecológico, sustentável, responsável com o meio em que vive. E sabemos que nao é bem assim. Esse mundinho monocromático não é tão real quanto a propaganda.

Neste mês o Conar, Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária, documento que, desde 1978, reúne os princípios éticos que regulam o conteúdo das peças publicitárias no país, e já continha recomendações sobre o tema ambiental, resolveu revisá-las e detalhá-las. Antes tarde do que nunca.

De modo geral, as novas normas vão regular o espaço para usos dos temas sobre sustentabilidade quando, de alguma forma, eles possam confundir (ou descaradamente enganar) os consumidores. Além de condenar todo e qualquer anúncio que estimule o desrespeito ao meio ambiente, o Código recomenda que a menção à sustentabilidade em publicidade obedeça estritamente a critérios de veracidade, exatidão, pertinência e relevância. Ou seja, um anúncio que cite a sustentabilidade deve conter informações ambientais passíveis de verificação e comprovação, não cabendo menções genéricas e vagas.

As novas normas incorporam o princípio que orientou a revisão, em 2006, das regras éticas para a publicidade de produtos e serviços que visam crianças e adolescentes. Este princípio está resumido nas frases que servem de introdução ao Anexo U: “É papel da Publicidade não apenas respeitar e distinguir, mas também contribuir para a formação de valores humanos e sociais éticos, responsáveis e solidários. O Conar encoraja toda Publicidade que, ao exercer seu papel institucional ou de negócios, também pode orientar, desenvolver e estimular a sociedade objetivando um futuro sustentável”.

As reclamações que chegarem ao Conar por meio de queixas dos consumidores, do mercado ou pelo monitoramento próprio do órgão serão submetidas à avaliação do Conselho de Ética, que julgará a procedência de cada caso individualmente. As sanções para o descumprimento das regras são as mesmas aplicadas em outras infrações contidas no código: advertência, alteração do anúncio, suspensão e divulgação pública.

Confira a íntegra das novas normas:
Artigo 36 do Código

A publicidade deverá refletir as preocupações de toda a humanidade com os problemas relacionados com a qualidade de vida e a proteção do meio ambiente; assim, serão vigorosamente combatidos os anúncios que, direta ou indiretamente, estimulem:


a poluição do ar, das águas, das matas e dos demais recursos naturais;

a poluição do meio ambiente urbano;
a depredação da fauna, da flora e dos demais recursos naturais;
a poluição visual dos campos e das cidades;
a poluição sonora;
o desperdício de recursos naturais.

Parágrafo único

Considerando a crescente utilização de informações e indicativos ambientais na publicidade institucional e de produtos e serviços, serão atendidos os seguintes princípios:


veracidade – as informações ambientais devem ser verdadeiras e passíveis de verificação e comprovação;

exatidão – as informações ambientais devem ser exatas e precisas, não cabendo informações genéricas e vagas;
pertinência – as informações ambientais veiculadas devem ter relação com os processos de produção e comercialização dos produtos e serviços anunciados;
relevância – o benefício ambiental salientado deverá ser significativo em termos do impacto total do produto e do serviço sobre o meio ambiente, em todo seu ciclo de vida, ou seja, na sua produção, uso e descarte.

Anexo U – Apelos de sustentabilidade

É papel da Publicidade não apenas respeitar e distinguir, mas também contribuir para a formação de valores humanos e sociais éticos, responsáveis e solidários.


O CONAR encoraja toda Publicidade que, ao exercer seu papel institucional ou de negócios, também pode orientar, desenvolver e estimular a sociedade objetivando um futuro sustentável.

Regra Geral

(1) Para os efeitos deste Anexo, entender-se-á por “Publicidade da Responsabilidade Socioambiental e da Sustentabilidade” toda a publicidade que comunica práticas responsáveis e sustentáveis de empresas, suas marcas, produtos e serviços.


(2) Para os efeitos deste Anexo, entender-se-á por “Publicidade para a Responsabilidade Socioambiental e para a Sustentabilidade” toda publicidade que orienta e incentiva a sociedade, a partir de exemplos de práticas responsáveis e sustentáveis de instituições, empresas, suas marcas, produtos e serviços.


(3) Para os efeitos deste Anexo, entender-se-á por “Publicidade de Marketing relacionado a Causas” aquela que comunica a legítima associação de instituições, empresas e/ou marcas, produtos e serviços com causas socioambientais, de iniciativa pública ou particular, e realizada com o propósito de produzir resultados relevantes, perceptíveis e comprováveis, tanto para o Anunciante como também para a causa socioambiental apoiada.


Além de atender às provisões gerais deste Código, a publicidade submetida a este Anexo deverá refletir a responsabilidade do anunciante para com o meio ambiente e a sustentabilidade e levará em conta os seguintes princípios:

1. CONCRETUDE
As alegações de benefícios socioambientais deverão corresponder a práticas concretas adotadas, evitando-se conceitos vagos que ensejem acepções equivocadas ou mais abrangentes do que as condutas apregoadas.

A publicidade de condutas sustentáveis e ambientais deve ser antecedida pela efetiva adoção ou formalização de tal postura por parte da empresa ou instituição. Caso a publicidade apregoe ação futura, é indispensável revelar tal condição de expectativa de ato não concretizado no momento da veiculação do anúncio.


2. VERACIDADE

As informações e alegações veiculadas deverão ser verdadeiras, passíveis de verificação e de comprovação, estimulando-se a disponibilização de informações mais detalhadas sobre as práticas apregoadas por meio de outras fontes e materiais, tais como websites, SACs (Seviços de Atendimento ao Consumidor), etc.

3. EXATIDÃO E CLAREZA

As informações veiculadas deverão ser exatas e precisas, expressas de forma clara e em linguagem compreensível, não ensejando interpretações equivocadas ou falsas conclusões.

4. COMPROVAÇÃO E FONTES

Os responsáveis pelo anúncio de que trata este Anexo deverão dispor de dados comprobatórios e de fontes externas que endossem, senão mesmo se responsabilizem pelas informações socioambientais comunicadas.

5. PERTINÊNCIA

É aconselhável que as informações socioambientais tenham relação lógica com a área de atuação das empresas, e/ou com suas marcas, produtos e serviços, em seu setor de negócios e mercado. Não serão considerados pertinentes apelos que divulguem como benefício socioambiental o mero cumprimento de disposições legais e regulamentares a que o Anunciante se encontra obrigado.

6. RELEVÂNCIA

Os benefícios socioambientais comunicados deverão ser significativos em termos do impacto global que as empresas, suas marcas, produtos e serviços exercem sobre a sociedade e o meio ambiente – em todo seu processo e ciclo, desde a produção e comercialização, até o uso e descarte.

7. ABSOLUTO

Tendo em vista que não existem compensações plenas, que anulem os impactos socioambientais produzidos pelas empresas, a publicidade não comunicará promessas ou vantagens absolutas ou de superioridade imbatível. As ações de responsabilidade socioambiental não serão comunicadas como evidência suficiente da sustentabilidade geral da empresa, suas marcas, produtos e serviços.

8. MARKETING RELACIONADO A CAUSAS

A publicidade explicitará claramente a(s) causa(s) e entidade(s) oficial(is) ou do terceiro setor envolvido(s) na parceria com as empresas, suas marcas, produtos e serviços.

O anúncio não poderá aludir a causas, movimentos, indicadores de desempenho nem se apropriar do prestígio e credibilidade de instituição a menos que o faça de maneira autorizada.


As ações socioambientais e de sustentabilidade objeto da publicidade não eximem anunciante, agência e veículo do cumprimento das demais normas éticas dispostas neste Código.

terça-feira, 17 de maio de 2011

PREFIRO SER UMA METAMORFOSE AMBULANTE - republicado

Bem, sei que geralmente eu abordo assuntos mais técnicos, mais específicos, mas... o que vou falar hoje não deixa de ser um assunto relacionado a Educação Ambiental porque vou falar de educação também.

Há alguns meses fui convidada por um antigo e querido amigo que acabara de ser nomeado diretor de uma escola estadual enorme (21 salas por período) para dar “uma força” como professora eventual de aulas de artes. Encarei o desafio de dar algumas aulas, meio período, seria uma boa experiência para me decidir sobre o mestrado...

Após as férias, houve o retorno, as aulas pós-gripe H1N1, professoras grávidas que não poderiam entrar em sala, e uma dessas professoras era de Artes. As 13 turmas de 6ª e 7ª séries dela caíram em meu colo. GENTE DO CÉU, como não dizer não? E lá fui eu...

Neste curto período pude entender o que é encarar uma sala de aula com cerca de 40 alunos totalmente sem limites, sem noções claras sobre respeito, higiene, educação, sociedade, ética, mundo; crianças da periferia, com pouca ou nenhuma expectativa na vida, com pais muito ocupados em manter a sobrevivência da família, ou ocupados demais para prestar atenção na família, ou ocupados em viver suas vidas alheios a vida dos filhos, e alguns poucos muito dedicados e preocupados com suas crianças.

Isso me fez compreender (mas não aceitar) professores que desistem de tentar ensinar e que, prostrados com o dia a dia em sala de aula em vários períodos, acabam apenas cumprindo os protocolos, levando e empurrando, ensinando somente a quem quer aprender. Fora todo o resto, que envolve desde um salário não muito motivador até a convivência com demais funcionários e professores e coordenadores estressados e sobrecarregados também...

Mesmo sabendo ser uma situação provisória eu me dedico a ensinar arte como eu gostaria que o professor do meu filho, que estuda em uma boa escola particular, ensinasse a ele. Me desdobro, me esforço, me irrito, me recomponho, me envolvo, me desespero, me refaço e volto para causa exaurida. Mas quando começo a ver os frutos disso após esses meses, com a maioria das crianças entendendo arte, pensando, pesquisando, criando e trabalhando coletivamente penso: foi a melhor coisa que poderia me acontecer!!!

Tem sido uma experiência transformadora sob diversos aspectos. Viver essa realidade está me fazendo rever e repensar muita coisa inclusive a respeito da educação ambiental, responsabilidade socioambiental, mobilização social e sustentabilidade. Tudo aquilo que é linnnnndo no papel, na novela e na propaganda de banco e sabão em pó, é tão difíííííííícil na vida real... e reclamar que tudo está péssimo na educação é tão mais fácil...

Doar um pouco de si sem esperar recompensas ou condecorações não mata ninguém. Estou mais viva e com absoluta certeza eu tenho aprendido muito mais do que tenho ensinado. Sair da zona de conforto, de discussões filosóficas e acadêmicas e partir para o TRABALHO de fato, na mudança de algo que se sonha é sofrido, cansativo, mas me trouxe uma coisa que curso nenhum pôde me dar, a certeza de que essa frase se aplica:

“Nunca duvide que um pequeno grupo de cidadãos preocupados e comprometidos possa mudar o mundo; de fato, é só isso que o tem mudado”. Margaret Mead, antropóloga

E como muito bem cantou o sábio Raul Seixas “ eu prefiro ser uma metamorfose ambulante do que ter aquela opinião formada sobre tudo”. Aproveito para agradecer aos amigos de caminhada e a meu marido, que me incentivaram sempre e não me deixaram desistir dessa “metamorfose”. OBRIGADA!
Publicado originalmente em quarta-feira, 23 de setembro de 2009.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

EXPOSIÇÃO MORADA ECOLÓGICA

“Morada ecológica investiga a influência da sustentabilidade na maneira de pensar a arquitetura do século 21 ao redor do mundo, aborda as principais inovações da arquitetura contemporânea ao redor do mundo e a forma como a sustentabilidade vem influenciando a maneira de pensar as construções e desenvolvimento urbano na atualidade.

A exposição traz mais de 50 projetos pioneiros de arquitetos de várias partes do globo para refletir sobre como a necessidade de preservação das já escassas reservas naturais vem alterando a maneira de pensar a arquitetura e o desenvolvimento urbano no século 21. Hoje, a permanência das indagações econômicas e sociais se amplia na preocupação com a manutenção do meio-ambiente.

Os projetos e arquitetos são divididos em quatro módulos temáticos: “Precursores do pensamento ecológico na arquitetura”, “Panorama internacional das práticas atuais”, “Contribuições sustentáveis à arquitetura francesa” e “Passando à ação”. (trechos extraídos do site do MAM)

Visitei a exposição Morada Ecológica no MAM-SP este domingo. A abordagem e a disposição das informações são interessantíssimas, o conteúdo fantástico e por diversas vezes me demorava a ler e absorver tudo aquilo afim de fazer uma resenha mental do que estava vendo. Tanto que nem me dei conta que passei mais de duas horas nela e quase pago uma multa por vencer em alguns minutos o prazo de horário do estacionamento. Recomendo!

Exposição Morada ecológica
Museu de Arte Moderna de São Paulo
Visitação: até 26 de junho de 2011
Endereço: Parque do Ibirapuera
Av. Pedro Álvares Cabral, s/nº - Portão 3 – São Paulo - SP
Link da exposição: http://www.mam.org.br/exposicoes/ver/morada-ecologica

quarta-feira, 27 de abril de 2011

DIFICULDADES EM PROJETOS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL


Muitos fatores podem dificultar o planejamento, implantação e andamento de um projeto de Educação Ambiental, etapas cruciais para que um bom projeto se desenvolva. E tenha certeza de que essas dificuldades vão acontecer. Pode ser apenas parte delas, em maior ou menor grau, em prazos diferentes, em diferentes escalas ou ordens, mas irão acontecer.

Não! Não! Não! Não estou sendo fatalista, nem realista, nem pessimista, muito menos tendo uma crise de vidência. O é caso é que, em todo lugar em que vemos e lemos sobre os projetos, somente nos mostram coisas lindas e resultados maravilhosos, mas ninguém conta a outra parte que não é tão boa. E essa parte "não tão boa" existe sim!

Apesar de muitas vezes essas dificuldades darem um trabalhão, desmotivar ou entristecer, quando é possivel aproveitar o momento difícil e criar oportunidade para aprendizado e consenso coletivo, acabam por impulsionar o projeto e unir ainda mais o grupo. Ou pelo menos a parte do grupo que está empenhada para que as coisas boas aconteçam.

E falo de tudo isso com conhecimento de causa, com o testemunho da dor e a delícia que é coordenar um grupo de pessoas, de seres, de indivíduos que compõem um projeto de educação ambiental, seja qual for a temática estabelecida. Como seres individuais que são, cada qual tem seu jeito e seu modo particular de pensar e de se colocar, e muitas vezes a parte mais difícil do projeto não é estruturá-lo, mas estruturar o grupo e lidar com os conflitos interpessoais e os percalços que aparecem no caminho por este tipo de situação.

Então tome nota da listinha básica com algumas das dificuldades que “sempre” teimam em aparecer. E para que os colegas educadores que estão ingressando na empreitada de iniciar um projeto, por favor não desanimem. Hoje sei da importância de termos consciência disso ANTES, para que fique mais fácil aceitar que esses "poréns" nos acompanharão e, deste modo, poder nos preparar emocionalmente para apaziguar os ânimos quando for necessário e achar soluções que tendam para o entendimento coletivo.

Vamos lá, principais dificuldades em projetos de EA:
• Falta ou não cumprimento de planejamento
• Não aceitação de lideranças que provavelmente irão se destacar
• Relacionamentos conflituosos
• Falta de entendimento do objetivo do projeto 
• Crítica de toda ordem
• Falta de compromisso de alguns participantes
• Maior participação apenas nas atividades prazerosas
• Falta ou sabotagem na comunicação
• Tendência das pessoas a se acharem excluídas das decisões
• Fofocas, ciúmes, fofocas, ciúmes...
• Dificuldade em dar e ouvir opiniões de maneira polida
• Formação de “panelinhas”
• Problemas no registro, coleta e sistematização dos dados
• Sobrecarga de algumas pessoas
• Pessimismo exagerado
• Otimismo exagerado
• Falta de “tempo e espaço” para as reuniões
• Dificuldade em pautar e registrar a ata das reuniões
• Desvio de interesses no decorrer do projeto
• Falta de recursos para as atividades propostas

Ou seja, quando iniciar um projeto de educação ambiental, tem de se estar preparado para lidar com problemas que fazem parte da formação de QUALQUER GRUPO. “Sabendo que os conflitos são inevitáveis, lembre-se que só o que possibilita a convivência é a própria convivência. O que facilita o diálogo é o próprio diálogo. Com firmeza de propósito e autodeterminação é possível construir uma nova forma de articulação social[1].

Finalizo dizendo que a boa comunicação, clara, direta, franca e concisa resolve metade dos problemas e dificuldades que possam porventura surgir. Sem uma comunicação efetiva e continuada, raramente um projeto progride e perdura. Vamos lá colegas, força e coragem!
Sabotadores da Comunicação
“ Julgar, culpar, criticar.
Desmoralizar as pessoas.
Moralizar, ordenar.
Oferecer soluções e resolver problemas,
mais do que simplesmente ouvir.
Questionar excessivamente.
Interromper frases.
Ignorar as preocupações do outro”
Trevor Powell


[1] Jornada de Amor à Terra. Laura Gorresio Roizman e Aparecida Elci Ferreira Ilustrações Darci Campioti. Ed. Palas Athena, 2006.

PS. Participe da nova enquete com um clique. Obrigada!

terça-feira, 26 de abril de 2011

FUNBEA APOIARÁ AÇÕES DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL


Foi muito emocionante participar da assembléia de fundação do Fundo Brasileiro de Educação Ambiental (FunBEA), lançado na terça-feira (05/04), em São Paulo. Estar, ouvir e conversar com as pessoas que nortearam meu caminho rumo à educação ambiental contemporânea foi um presente.

Compuseram a mesa o diretor de Educação Ambiental e Meio Ambiente do Ministério do Meio Ambiente, Nilo Diniz, o professor doutor em Educação Ambiental Para Sociedades Sustentáveis da USP, Marcos Sorrentino, a coordenadora da Coordenadoria de Educação Ambiental do Ministério da Educação, Rachel Trajber, e a professora doutora em Ciências da Engenharia Ambiental da UFSCar, Haydee Torres de Oliveira, entre outros presentes importantes no cenário nacional da Educação Ambiental que puderam dar a palavra e as boas vindas ao FunBEA.

Tive até a oportunidade de “tietar” um pouco a Rachel Trajber e lhe contar que um de seus livros - Avaliando a Educação Ambiental no Brasil: materiais impressos. São Paulo: Editora Gaia. 1996 - que foi citado aqui nesse blog por diversas vezes, continua tão atual que me orienta em todas as ações de comunicação para os temas relacionados a educação ambiental desde 2003.

Pelo estatuto aprovado nesta reunião, poderão ser financiados projetos no ensino formal e não formal, processos formativos em Educação Ambiental popular e comunitária, formação e capacitação de profissionais oferecidos por instituições educativas, além de ações de interação e intervenção educativa voltadas para a sustentabilidade e a responsabilidade global. Boa notícia para todos nós que vivemos tentando convencer as pessoas que acreditar na educação ambiental e custeá-la é um investimento promissor.

Conforme artigo 4º dos objetivos do estatuto, “o FunBEA tem por finalidade captar e aportar recursos estratégicos para o fomento de ações estruturantes no campo da educação ambiental, em consonância com políticas públicas formuladas para essa área de atuação e outras questões ambientais globais conexas”. O financiamento do fundo será feito por recursos da iniciativa privada, e ações públicas e estruturantes de educação em prol do meio ambiente receberão o apoio do FunBEA que dará suporte também à aplicação da Política Nacional de Educação Ambiental.

E como foi explicado pela professora Haydee ao final, este é apenas o começo. Da fundação até a aplicação deste fundo há um longo caminho a ser percorrido. A previsão é de que agora comecem a captação dos recursos e em um anos já poderemos, conforme as diretrizes do estatuto, participar dos processos de seleção do financiamento para projetos de Educação Ambiental.

Então posso afirmar que não é um sonho, é real, eu estive lá... e agora sou sócia-fundadora do FunBEA!
Vida longa e sucesso ao FunBEA!