segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

A EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO DISCIPLINA ESCOLAR


Estava assistindo a uma palestra há algumas semanas quando uma mãe comentou com muita satisfação que na escola (particular) onde sua filha cursava o quarto ano, havia a disciplina de “Sustentabilidade” uma vez por semana. As pessoas ficaram admiradas e acho que só eu fiquei decepcionada com a atitude da escola. A meu ver não dá para discutir sustentabilidade em uma aula por semana se a escola inteira não estiver em conexão com o tema. E, se a escola inteira está em conexão com o tema, não é necessário ter uma aula específica por semana para se tratar de sustentabilidade.

Segundo Genebaldo, 2000[1] : “A falta de recursos instrucionais, notadamente livros didáticos especializados, disponíveis, constitui outro empecilho, aparentemente intransponível. Muitas publicações que chegam aos professores continuam impregnadas de uma visão preservacionista exclusiva, ingênua e desatualizada cientificamente. Ainda se confunde ECOLOGIA com EDUCAÇÃO AMBIENTAL. Com isso, os professores são estimulados a desenvolver atividades reducionistas com seus alunos, a bater na tecla da poluição, do “desmatamento”, do efeito estufa, da camada de ozônio ou então catar latinhas de alumínio e reciclar papel artesanalmente. A ingenuidade ainda é muito grande”.

Essa citação traduz o que venho dizendo aqui desde que iniciei este blog, que muitos professores fazem aquilo que podem com a informação que conseguem. O problema não está somente no educador que tenta abordar o assunto, ou na escola que equivocadamente trabalha sustentabilidade sem abordar, por exemplo, modos de produção, o consumo e suas consequências. Falta material didático apropriado para cada ciclo da educação formal.

Até mesmo as reportagens que saem nas revistas e jornais nem sempre são fontes confiáveis porque na sua maioria são escritas por jornalistas que não são especializados na área ambiental e, portanto não tem condições de filtrar as informações sem tirar muio do seu conteúdo essencial. Outros materiais dedicados aos professores que tenho lido (e colecionado nos últimos anos) acabam mesmo tratando tudo de modo muito superficial ou simplista, com viés meramente ecológico.

Além de buscar materiais mais completos, cada escola tem que começar a discutir um planinho básico, mas bem fundamentado, de educação ambiental junto ao planejamento escolar para que essa mobilização social/ambiental atrelada a estratégias de comunicação busque o envolvimento gradual e permanente de toda comunidade escolar.

Em algumas escolas o começo será do zero, porém a maioria já tem ações isoladas que apenas necessitam de uma organização para se integrar, buscando a participação de todos, e não somente dos alunos. E é isso o que a mobilização propõe: um processo dinâmico e permanente de envolvimento, comprometimento e mudança de valores e comportamentos. Cada indivíduo precisa compreender é parte integrante e modificador do ambiente, compartilhando direitos e deveres para que a mudança de hábitos seja efetiva e os resultados duradouros.

PS. O blog está com uma nova enquete, participe!!!!
[1] Dias,Genebaldo Freire. Educação Ambiental: princípios e práticas. 6ª.edição revista e ampliada. São Paulo:Gaia, 2000

8 comentários:

Anônimo disse...

É uma pena que muitas pessoas acreditam que a Educação Ambiental deve ser definida como uma disciplina e que irá "ensinar" as crianças a serem mais "conscientes"...
A EA é interdisciplinar, não pode ser resumida pela abordagem através de um único professor nem mesmo ser apenas transmitida como um dogma aos estudantes...

Hegli disse...

Não é mesmo Bárbara... ai que bom ouvir tua opinião. Eu fiquei me sentindo meio que um ETezinho, pois a palestra era de gestão e educação ambiental.
O palestrante foi polido, não se manisfestou muito, mas as pessoas se mostraram maravilhadas com a idéia.
Só eu disse, ao final, que era (no mínimo) preocupante precisar haver uma disciplina sobre meio ambiente na escola.
Obrigada e seja sempre bem vinda!

Anônimo disse...

Concordo com o texto e com os posts posteriores. Uma ação inter, multi ou transdisciplinar nas escolas contribui para "arejar" as disciplinas e seus conteúdos. A EA é um destes instrumentos, além de ser uma ferramenta poderosa para formar o cidadão 2.0 (rsrsrsrs). Desculpem-me pela brincadeira... cidadão século XXI, XXII, etc.
Aprisionar a EA numa disciplina é o mesmo que manter uma criança do outro lado de um vidro, com vários brinquedos à disposição, só porque ela vai bagunçar tudo... não avançamos como sociedade desta maneira...
Bjs
carlos henrique

Anônimo disse...

Muito bom o artigo; ainda - apesar de ser um assunto bem discutido - se consegue destacar pontos que merecem reflexão.
Para os que desejam conhecer as "novas" exigências da EA no século XXI - estudos de percepção ambiental - sugiro acessar www.pluridoc.com e, em seguida, pesquisar "roosevelt s. fernandes".

Núcleo de Estudos em Percepção Ambiental / NEPA
Grupo sem fins lucrativos
roosevelt@ebrnet.com.br

Bruna Pellizzari disse...

Achei muito interessante o post e o blog .. Estou fazendo uma monografia justamente sobre isso, a educação ambiental nas escolas públicas..

Parabéns.

Hegli disse...

Oi Bruna,
Obrigada pela visita, será sempre bem vinda.
Fiquei muito interessada nessa sua monografia. Se puder me escreva para trocarmos informações sobre este tema, que muuuuito me interessa: heglisk@yahoo.com.br.
Abraço
Hegli

Nae disse...

Olá Hegli!! Boa madruga!
Olha, estou eu aqui dissertando, rs virando a noite e eis que acho o seu blog! Gostei muito, ainda mais porque o tema do post se refere ao que eu estou estudando na dissertação! Estou fazendo um estudo de caso, onde um município criou uma disciplina de educação ambiental que durou dois anos... Você tem algum material sobre o assunto? Algo que vc já tenha escrito? Qualquer ajuda e troca será mt bem vinda e enriquecedora! abraços! meu email eh naetelima@gmail.com

Hegli disse...

Bem vinda Nae!
Vou te mandar um email e vc me explica melhor o que precisa. Depois vou postar aqui também porque as vezes pode ajudar outras pessoas também. Abraço