segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS EMPRESAS II

O meu último post foi recordista em número de acessos (durante um curto prazo de tempo) e de respostas para meu email (visto que muita gente recebe um aviso por email e acaba respondendo por lá mesmo). Isso foi o que me motivou a contar aqui que foram dois episódios seguidos que me inspiraram a escrever “EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS EMPRESAS”.

O primeiro episódio foi quando um grande e experiente consultor da área empresarial que me convidou a criar com ele uma ementa de curso de introdução a educação ambiental e sustentabilidade para empresas. Isso me deixou muito satisfeita e empolgada, pois até o momento os cursos eram mais voltados para a GESTÃO ambiental e agora ele tem no “cardápio” a opção de EDUCAÇÃO ambiental para os empresários mais antenados, que estão cada vez mais cientes de que a mudança não ocorre só com normas ou procedimentos.

O segundo foi quando uma amiga me pediu para ajudá-la a revisar um relatório para a empresa em que ela trabalha, e que todos os funcionários teriam que fazer. Este relatório era uma análise a ser apresentada para a chefia, sobre métodos eficientes para uma empresa não estagnar. O texto base citava alguns “mandamentos” como este: o líder tem que ter "a capacidade de ouvir” porque “ as soluções dos problemas da empresa estão sempre em torno de você”.

Pois bem, entre diversas boas argumentações que ela fazia diante do texto a ser analisado, questionava sutilmente o porquê uma empresa tão grande e bem estruturada, com ISO, normas e benefícios aos colaboradores ainda estava tão atrasada em relação a educação ambiental de fato, isto é, aquela que não está no folder institucional (sempre bonitinha e colorida), mas a que DEVERIA estar na prática do dia a dia.

Ela pontuava, com diplomacia, algumas incoerências como: por que os funcionários só precisavam fazer a coleta seletiva quando há auditoria da qualidade? Ou porque os treinamentos sobre educação ambiental são feito sempre on line, em períodos em que não se aprende nem a fazer uma receita de um bolo direito? Porque os temas reduzir, reutilizar, reaproveitar, repensar e reciclar não fazem parte da rotina de uma empresa tão renomada?

Diante disso tudo, decidi dar o meu ponto de vista aqui no blog e acredito que a relevância e a urgência do assunto tenham disparado os desabafos por parte de muitos leitores que anonimamente ou pessoalmente me contaram como as empresas que trabalham se comportam em relação aos assuntos ambientais.

Isso tudo comprova que não dá mais para ficar se equilibrando em modismos e ações pontuais. Mais que isso, nos dá a dimensão do quanto as empresas precisam investir em ações relevantes relacionadas a educação ambiental, fugindo dos clichês. É preciso perceber que muitos funcionários querem saber e aprender mais sobre sustentabilidade, e tanto outros encontram-se prontos e esperando o momento de colaborar e colocar as teorias em prática.

E para aqueles que me escreveram dizendo que pensam em desistir só porque não tem apoio da chefia ou da empresa eu repito a frase que está no topo desse blog:
“Ninguém comete erro maior do que não fazer nada porque só pode fazer um pouco”. Edmund Burke (1729 - 1797).

7 comentários:

Anônimo disse...

Acredito que o setor empresarial (produtivo ou não) ainda carece de "formação e estrutura socioambiental", que propicie sua inserção no "novo mundo" - urgente e necessário.
As certificações não promovem o debate verdadeiro e crucial para a inserção de conceitos e valores (éticos, responsáveis, solidários) na empresa e em seu corpo funcional.
É preciso elaborar programas que valorizem a gestão participativa, implantando canais de participação e avaliação de todos os colaboradores, programas estes baseados numa linha socioambiental, que ressaltem a importância do envolvimento da empresa na busca da sustentabilidade - dela, de quem depende dela e de quem se relaciona com ela.
Ninguém está desvinculado do processo de sustentabilidade econômica - que depende, essencialmente, da sustentabilidade dos ecossistemas naturais.
Por fim, além de parabenizar pela reflexão, acho que a busca principal é pela nova sociedade planetária - ética, solidária e sustentável. Só assim conseguiremos manter a vida humana neste planeta - pois a Terra "se garante" e continua. Já nós....

Carlos Henrique

luis felipe disse...

Infelizmente parece que nas empresas este Tema só toca aos digirentes quando estes passam a ver meios de reverter o "pensar na sustentabilidade" em: melhora da imagem; em expansão das divisas; em obtenção de recursos, etc.
Por em prática os 5 R's vai muito além disso...tem que ser pautado na contribuição social que a empresa tem que dar em todo o processo de produção visando impactar menos no meio, nas pessoas que a viabilizam e nas pessoas que utilizam de seus serviços.
Estou de acordo com suas considerações!

Giulia disse...

Sou sua superfã. Já linquei seu post ao blog do Araguari Eventos. Foi sucesso, parabéns!

Hegli disse...

Oi Carlito, muito obrigada pela sua contribuição. Complementou o assunto, sem duvida nenhuma! Adorei a parte da "sociedade planetária - ética, solidária e sustentável", é isso que almejamos não e por isso que trabalhamos tanto não é? rs

Luis Felipe, se os dirigentes das empresas praticassem o "pensar na sustentabilidade" visando a melhora da imagem; em expansão das divisas; em obtenção de recursos, e fizessem direito tudo bem. Mas nem isso. Muito deles falam que fazem, mas na verdade é tudo ilustração de folder com imagem baixada do clip art. Logo, logo não vai dar mais para enganar os consumidores, clientes e funcionarios...

E Giulia, obrigada pelo carinho e por poder contribuir de alguma forma com você. Seja sempre bem vinda! Bjus

Anônimo disse...

Um ponto merece ser destacado nessa discussão; Não basta oferecer EA; ela deve estar associada as reais demandas do segmento a ser afetado, bem como há a imperiosa necessidade (é muito significativo o volume de recursos alocados pelas empresas em Programas de EA) de, após a conclusão de um programa, verificar sua eficácia em relação as propostas originais. Um estudo de avaliação prévio do n[ível de percepção ambiental do segmetno em consideração (base para estruturar o programa, que não pode ter como base apenas as experiências pessoais dos educadores ambientais), e outra abvaliação após a conclusão do programa (permite identificar não conformidades e permitir ações corretivas), são necessidades - muito pouco abordadas pelos educadores ambientais - que se fazem necessárias / imprescindíveis a Educação Ambiental do século XXI. Srs. Gerentes de Meio Ambiente das empresas; reflitam muito sobre este ponto, sobretudo pois se não o fizerem serão culpados em relação aos cenários futuros da EA no Brasil.

Núcleo de Estudos em Percepção Ambiental / NEPA
Grupo sem fins lucrativos
roosevelt@ebrnet.com.br

Hegli disse...

Obrigada ao Grupo NEPA pela contribuição. É isso mesmo que a EA contemporânea propõe, um trabalho integrado, continuado, mensurável,transformador...
Em outros momentos aqui no blog eu já coloquei que é indispensável um diagnóstico (pesquisa, relatos, faixa etária, numero de funcionários por setor...) para que a abordagem seja feita de forma produtiva na empresa. Todo o processo de mobilização deve ocorrer em parceria com outros setores (gestão ambiental, RH, comunicação, manutenção etc) para que haja continuidade. Após o termino do programa deve haver a avaliação e esta comparada aos dados do diagnóstico para aferir dados e corrigir situações e melhorar as ações que merecem reforço. Caso estes passos sejam seguidos, o programa vira prática e as ações de educação ambiental podem ser incorporadas ao dia a dia das empresas. Mas esses passos não são tão simples assim... infelizmente. Mas é uma ótima dica para ser tema de um outro post... Abraço

Caixas Kundo disse...

POUCAS EMPRESAS ESTÃO PREPARADAS PARA UMA EDUCAÇÃO AMBIENTAL QUE NÃO SEJA PROTECIONISTA, QUE SEJA CRÍTICA; TERIAM ELES QUE REVER TODAS AS SUAS AÇÕES PERANTE A SOCIEDADE...TALVEZ DESISTIRIAM DE TUDO....POUCAS SÃO AS EMPRESAS QUE ESTÃO PREPARADAS A CORREREM O RISCO DE EMANCIPAR SEUS "FUNCIONÁRIOS" A REAPRENDER OS JUSTOS VALORES DE UMA VIDA EM SOCIEDADE, UMA VIDA HUMANA PARA TODOS, E NÃO PARA POUCOS...TER EAC NO "CARDÁPIO" INSTITUCIONAL DAS EMPRESAS É ARRISCADO PARA OS EMPRESÁRIOS...