
Bem ao contrário de uma possível visão objetivista de interpretação, onde interpretar o ambiente seria captá-lo em sua realidade, descrever suas leis, mecanismos e funcionamento, a abordagem hermenêutica busca evidenciar os horizontes de sentidos histórico-culturais que configuram as relações com o meio ambiente para uma determinada comunidade humana e num tempo específico e, com isto, abandonar um conceito "realista" ou "naturalista" de ambiente, onde este é reduzido as suas condições e leis físicas de funcionamento.
Ao adotarmos uma perspectiva interpretativa hermenêutica na Educação Ambiental, esta passa a operar com um conceito de ambiente constituído como realidade linguística, passível de diversas leituras. A "realidade ambiental", neste caso, não se distingue da realidade da interpretação ambiental e é dentro deste repertório de sentidos sociais que pode-se acionar ênfases e construir uma via compreensiva no campo complexo das relações entre natureza e sociedade.
O papel do educador, diante da perspectiva hermenêutica, poderia ser pensado como o de um "intérprete" dos nexos que produzem os diferentes sentidos ambientais em nossa sociedade. Ou ainda, um intérprete das interpretações. A hermenêutica prefere a noção de “sentido” a de “verdade”. Pelo pressuposto hermenêutico não existiria “a verdade” no singular, pois muitas são as formas de conceber o mundo, produzindo sentidos culturais diversos. Que tal pensarmos nessa opção epistemológica para a Educação Ambiental Contemporânea e o papel do educador ambiental em tudo isso?
[1] Orientação filosófica que toma a interpretação como fundamento da compreensão do mundo e produção de conhecimento.
[2] Este texto é parte do meu estudo do curso especialização em Educação Ambiental concluído em 2008.